- Artigo
- Fonte: Campus Sanofi
- 17 de abr. de 2025
Entendendo as mudanças no relatório GOLD de 2024 a 2025

O relatório da Iniciativa Global para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD) é um recurso essencial para profissionais de saúde envolvidos no diagnóstico, gerenciamento e prevenção da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). A atualização de 2025 contempla mudanças significativas com o objetivo de melhorar os resultados dos pacientes por meio de critérios diagnósticos e estratégias de tratamento refinados. Este artigo se aprofunda nessas mudanças importantes, enfatizando seu impacto nas abordagens dos profissionais de saúde para triagem e manejo de pacientes com DPOC.
Visão geral do GOLD: Atualização de 2025
O relatório GOLD, um guia abrangente desenvolvido pelo Comitê Científico GOLD, fornece uma revisão das evidências atuais para a avaliação, o diagnóstico e o tratamento da DPOC. O GOLD é revisado anualmente com o objetivo principal de ajudar os médicos a oferecer o melhor atendimento possível aos pacientes com DPOC.1 A atualização de 2025 dá continuidade a essa tradição, incorporando as mais recentes descobertas de pesquisas e práticas clínicas para melhorar os resultados dos pacientes.
O GOLD 2025 apresenta várias mudanças notáveis no diagnóstico e no tratamento da DPOC.1 As seguintes seções principais foram revisadas:

1. Espirometria
Um novo fluxograma detalhando o papel da espirometria pré e pós-broncodilatador para a avaliação da obstrução do fluxo aéreo e diagnóstico da DPOC foi incluído na seção de espirometria. Para o diagnóstico de DPOC, a relação volume expiratório forçado em um segundo (VEF1)/capacidade vital forçada (CVF) <0-7 na espirometria pós-broncodilatador continua sendo obrigatória. De acordo com o GOLD 2024,2 não é recomendável medir o VEF1 antes e depois dos broncodilatadores ou corticosteroides para avaliar o grau de reversibilidade e orientar as decisões terapêuticas.

Tratamento farmacológico
A seção "Algoritmos para o tratamento farmacológico" foi atualizada para incluir novas opções de tratamento para pacientes com dispneia e exacerbações persistentes e fornecer orientações claras sobre o manejo de pacientes atualmente em uso de agonista beta-adrenorreceptor de longa ação (LABA) + corticosteroide inalatório (CI).
Dispneia
Se a adição de um segundo broncodilatador de ação prolongada não melhorar os sintomas em pacientes com falta de ar persistente ou limitação de exercício em monoterapia com broncodilatador, o relatório GOLD 2024 recomenda considerar a troca do dispositivo inalador ou da farmacoterapia. Além disso, o GOLD 2025 recomenda o seguinte:
- Introdução ou intensificação de tratamento(s) não farmacológico(s), por exemplo, reabilitação pulmonar
- Considerar a adição de ensifentrina (droga não disponível atualmente no Brasil).
Exacerbações persistentes
Em pacientes tratados com LABA + antagonista muscarínico de ação prolongada (LAMA) e contagem de eosinófilos no sangue (EOS) <100 células/µL que ainda apresentam exacerbações, recomenda-se o seguinte tratamento1:
- Entre aqueles que não estão fumando atualmente, considere a adição de azitromicina. A consideração do desenvolvimento de organismos resistentes deve ser levada em conta na tomada de decisão
- Entre aqueles com VEF1 <50%, sintomas de bronquite crônica e histórico de exacerbação grave anterior, considere a adição de roflumilast
Em pacientes tratados com LABA+LAMA+CI (ou aqueles com EOS <100 células/µL) que ainda apresentam exacerbações, recomenda-se o seguinte tratamento1:
- Entre aqueles que não estão fumando atualmente, considere a adição de azitromicina. A consideração do desenvolvimento de organismos resistentes deve ser levada em conta na tomada de decisão
- Entre aqueles com VEF1 <50%, sintomas de bronquite crônica e histórico de exacerbação grave anterior, considere a adição de roflumilast
- Entre aqueles com EOS ≥300 células/µL e sintomas de bronquite crônica, considere a adição de dupilumabe

Tratamento de pacientes atualmente em uso de LABA+CI
Em geral, se houver uma indicação para o uso de CIs, o LABA+LAMA+CI demonstrou ser superior ao LABA+CI. Para pacientes em uso de LABA+CI com sintomas persistentes GOLD 2024 recomendou que se considerasse a mudança para LABA+LAMA.2 GOLD 2025 recomenda a mudança para LABA+LAMA ou LABA+LAMA+CI, considerando a resposta anterior ao tratamento com CIs.
Os benefícios e riscos da retirada dos CIs devem ser cuidadosamente considerados, sendo que uma contagem de EOS no sangue >300 células/µL é um indicador de aumento do risco de exacerbações com a retirada dos CIs.1 Além disso, o relatório atualizado de 2025 enfatiza que o componente CI não deve ser retirado em pacientes tratados com LABA+LAMA+CI, a menos que os CSIs tenham sido iniciados de forma inadequada ou que não tenha havido resposta aos CSIs, ou que os pacientes apresentem efeitos colaterais significativos ou pneumonia grave ou recorrente.1
Além disso, é importante verificar se houve um histórico de exacerbação anterior relevante ou uma resposta positiva anterior ao tratamento com LABA+CI. Um histórico de exacerbações, mas a ausência de exacerbações atuais, sugere uma resposta positiva ao tratamento.1

2. Introdução de novas farmacoterapias
O relatório de 2025 incluiu dois novos medicamentos na lista de farmacoterapias, um inibidor da fosfodiesterase 3 e 4 (PDE 3 e PDE 4) e do primeiro biológico que bloqueia o componente receptor compartilhado de interleucinas 4 e 13 (IL-4 e IL-13).
Inibidor da fosfodiesterase 3 e 4 (PDE 3 e PDE 4)[Não aprovado e portanto não disponível no Brasil]
O inibidor de PDE 3 e PDE 4, administrado via nebulizador, agora está incluído como medicação de manutenção e broncodilatador para DPOC estável. Sabe-se que ele melhora significativamente a função pulmonar (Evidência A), a dispneia (Evidência A) e o estado de saúde (Evidência B).1 O medicamento demonstrou melhora significativa na função pulmonar e na dispneia, sem problemas de segurança ou tolerabilidade,3 em estudos paralelos de fase 3.4
Medicamentos com potencial para reduzir as exacerbações
Esta seção adicionou evidências para apoiar a eficácia da terapia biológica, um anticorpo monoclonal totalmente humano que bloqueia o componente receptor compartilhado de IL-4 e IL-13. O produto biológico foi avaliado em uma população de estudo composta por pacientes com DPOC com sintomas de bronquite crônica, histórico de ≥2 exacerbações moderadas ou ≥1 exacerbação grave no ano anterior, apesar do tratamento com LABA+LAMA+CI, e contagem de EOS no sangue ≥300 células/µL.1 Os pacientes que receberam esse produto biológico demonstraram menos exacerbações, melhora consistente da função pulmonar função pulmonar e melhora dos sintomas ao longo de 52 semanas em dois grandes estudos de fase 3, duplo-cegos e randomizados.5,6
Resumo das principais atualizações e por que elas são importantes
As alterações introduzidas no GOLD 2025 têm como objetivo melhorar a precisão do diagnóstico da DPOC e as estratégias de tratamento mais recentes. Ao refinar as seções sobre tratamento farmacológico de acompanhamento, e refletir sobre as evidências mais recentes da terapia biológica recentemente recomendada, com potencial para reduzir as exacerbações, o relatório fornece uma estrutura abrangente para melhorar os resultados dos pacientes.
As estratégias revisadas de acompanhamento do tratamento farmacológico sugerem o escalonamento e a redução do escalonamento com base nos dados de eficácia e segurança disponíveis.1 Para os profissionais de saúde, essas mudanças, juntamente com os algoritmos revisados para o tratamento farmacológico, significam a adoção de uma abordagem mais personalizada e baseada em evidências para o tratamento da DPOC.
Saiba mais sobre o papel dos eosinófilos no sangue como biomarcador em pacientes com DPOC
Em conclusão, o relatório GOLD 2025 representa um avanço significativo no diagnóstico e no manejo da DPOC. Mantendo-se informados sobre essas mudanças e incorporando-as à prática clínica, os profissionais de saúde podem continuar a oferecer o mais alto padrão de atendimento a seus pacientes.
Clique aqui para consultar o GOLD 2025 e obter mais informações.
Referências
- Global strategy for the diagnosis, management, and prevention of chronic obstructive pulmonary disease (2025 report)(Accessed November 28, 2024, at https://goldcopd.org/2025-gold-report/)
- Global strategy for the diagnosis, management, and prevention of chronic obstructive pulmonary disease (2024 report)(Accessed December 4, 2024, at https://goldcopd.org/2024-gold-report/)
- Singh D, Lea S and Mathioudakis AG. Inhaled Phosphodiesterase Inhibitors for the Treatment of Chronic Obstructive Pulmonary Disease. Drugs. 2021 Nov;81(16):1821-1830. doi: 10.1007/s40265-021-01616-9. Epub 2021 Nov 3. PMID: 34731461.
- Anzueto A, Barjaktarevic IZ, Siler TM, Rheault T, Bengtsson T, Rickard K, et al. Ensifentrine, a Novel Phosphodiesterase 3 and 4 Inhibitor for the Treatment of Chronic Obstructive Pulmonary Disease: Randomized, Double-Blind, Placebo-controlled, Multicenter Phase III Trials (the ENHANCE Trials). Am J Respir Crit Care Med. 2023 Aug 15;208(4):406-416. doi: 10.1164/rccm.202306-0944OC. PMID: 37364283; PMCID: PMC10449067.
- Bhatt SP, Rabe KF, Hanania NA, Vogelmeier CF, Cole J, Bafadhel M, et al. BOREAS Investigators. Dupilumab for COPD with Type 2 Inflammation Indicated by Eosinophil Counts. N Engl J Med. 2023 Jul 20;389(3):205-214. doi: 10.1056/NEJMoa2303951. Epub 2023 May 21. PMID: 37272521.
- Bhatt SP, Rabe KF, Hanania NA, Vogelmeier CF, Bafadhel M, Christenson SA, et al.NOTUS Study Investigators. Dupilumab for COPD with Blood Eosinophil Evidence of Type 2 Inflammation. N Engl J Med. 2024 Jun 27;390(24):2274-2283. doi: 10.1056/NEJMoa2401304. Epub 2024 May 20. PMID: 38767614.
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